sábado, 6 de outubro de 2012

Soop, o tradicional


SOOP, o tradicional




Quem não se lembra da falta de opções de bons restaurantes em Joinville antes dos
anos noventa? Naquela época, havia algumas churrascarias, restaurantes típicos da cozinha
germânica, recreativas de empresas e alguns buffets que começavam a se popularizar.

Muitas iniciativas apareciam e desapareciam em pouco tempo. Consequentemente,
poucos restaurantes daquela época conseguiram chegar até hoje em plena atividade. Um
deles, certamente o mais emblemático, é o Soop, que surgiu em 1986.

É inegável a contribuição deste restaurante, quase uma instituição, para o
desenvolvimento da gastronomia da cidade. Tornou-se referência, frequentado por famílias,
jovens, políticos e principalmente, turistas e gente de negócio de várias partes do Brasil e do
mundo. Imagino que ali, entre um chopp e outro, se fecharam grandes negócios e se tomaram
importantes decisões políticas e empresarias. Aliás, a proposta inicial foi de uma Chopperia
que servia petiscos, mas logo se tornou um restaurante.

O Soop já nasceu tradicional, fruto da marca que herdou, do adequado projeto
arquitetônico, da decoração temática, do serviço impecável com garçons tipicamente trajados
e uma cardápio baseado nas tradições germânicas complementado com outros pratos da
gastronomia brasileira e internacional. Sucesso absoluto!

Desde então pudemos assistir uma consistente evolução do setor bares e restaurantes
em Joinville. Surgiram vários espaços gastronômicos, casas dedicadas a diferentes tendências
e um curso universitário preparando jovens para assumir chefias. Em paralelo Joinville passou
a receber migrantes vindos de grandes centros, acostumados a frequentar bons restaurantes.
Um publico com perfil mais exigente, ávido por novidades. A concorrência sadia acaba por
elevar o nível da oferta. Afinal, nós clientes passamos a ter algumas escolhas.

Após muitos anos sem aparecer, voltamos ao Soop para conferir como anda sua
proposta gastronômica. A casa mantém o glamour arquitetônico, um ambiente agradável e
alinhado com sua estratégia inicial de vender a imagem de uma cidade que se orgulha de suas
origens. Um ambiente aconchegante, confortável. O cardápio esta praticamente o mesmo
de muitos anos atrás. Compreendemos que a tradição sempre foi sua característica, mas nos
parece que haveria muitas oportunidades de evolução em um mundo tão dinâmico como o da
gastronomia. Um ponto positivo é a existência do menu em vários idiomas, fato que raro em
Joinville.

Pedimos um chopp local que cairia muito bem para aquela noite quente do nosso
inverno. Também um “submarino” – chopp com um copinho de Steinheger emborcado.
Espiamos a carta de vinho, observamos que as opções da carta eram suficientes, entretanto
havia muitos itens em falta. Eram vinhos comuns, disponíveis nas revendas, mas...segundo
o garçom, o “representante” não havia passado lá. Esse “representante” não merece nossa
consideração!

Selecionamos alguns pratos para nossa apreciação: iniciamos com hackpeter, como
sempre preparado ao vivo pelo garçom. Este é um dos carros-chefes do Soop, frequentemente
copiado, mas nunca igualado. Perfeito! O pão que acompanha estava um tanto seco.
Reclamamos e veio um melhor. Melhor assim.

Na sequencia escolhemos outro clássico da cozinha bávara – Paprika Schnitzel, um
filé com molho de páprica, uma derivação do prato austríaco Wiener Schinitzel. A receita
original alemã mais comum se prepara com filé de vitela, fino, empanado, coberto com molho
de creme de leite e páprica doce. O acompanhamento apropriado deve ser uma spätzle ou
knödel.

Não foi bem o que encontramos. Explico nosso critério - quando analisamos um prato
inovador, a característica consideraqda é a criatividade, já um prato clássico é a execução que
deve ser fiel ao original. Obviamente existe muitas variações dos pratos clássicos, mas uma
interpretação que se distancie muito do original não deveriam ter a denominação original para
não levar o consumidor mais atento a uma expectativa frustrada. Não há problema em se
propor variações, mas ai a denominação também deveria expressar a opção do chefe.
Voltando ao prato, o acompanhamento – três nhoques, arroz e pasmem, batata palha não
contribuem para a qualidade do prato.

Este acompanhamento é quase um padrão no restaurante, eventualmente alternando
com batata sauté. Convenhamos, uma solução simplista, trivial, pouco atraente.

Por último ordenamos a estrela da casa – Peixe a Soop. É um bom prato, tem história,
tem originalidade. Estava com o interior frio e textura pastosa. Ainda que o gosto estivesse
bom, peca pelo mesmo acompanhamento anteriormente citado – arroz com batata palha...

Temos saudades do tempo desta casa cheia, quando esperávamos na fila, sedentos
por um “submarino”. Fica aqui nossa recomendação para uma revitalização do cardápio e dos
processos de preparo. A sua marca e estrutura permitem ainda um grande salto de qualidade,
desde que a gestão tenha esta percepção. Nos joinvilense, nativos ou por adoção, torcemos
para que isso ocorra logo.

Um grande espaço, uma bela história, nossas lembranças ainda guardam o sabor que
não encontramos mais.

Visita realizada em 04/07/2012

Presentes: Deretti, Ely, Jordi, Levi

Dom Bruno, o Castelinho amigo


UMA CASA AMIGA


Na rua João Colin tem uma construção que chama a atenção. Um pequeno castelo, com a tradicional torre, é o endereço de um restaurante que já conseguiu marcar o seu nome na gastronomia joinvilense.

Tendo a cozinha italiana como base, o Don Bruno é uma casa que prima pela excelência do serviço-
alguns garçons estão na casa desde a sua inauguração, há doze anos - um ponto que merece ser
destacado, pois a falta de qualificação da mão de obra é um problema recorrente na maioria dos
restaurantes da cidade. Esse bom serviço, aliado às porções generosas dos pratos, certamente é uma das explicações para o público fiel, com mesas e dias cativos, que batem ponto semanalmente em busca de uma refeição correta, com muita fartura, a chamada comfortable food.

O ambiente é despojado , com mesas muito próximas uma das outras e um problema sério de acústica. Quando a casa está cheia é preciso aumentar alguns decibéis no tom da conversa pela acentuada reverberação. O extenso, antiquado e complicado cardápio não mudou ao longo dos anos. Por se posicionar como um restaurante italiano, as massas são o forte da casa. As massas são de fabricação própria e os tipos pedidos sopa de capeletti , espaguete à alho e óleo e gnocchi ao sugo chegaram com textura, sabor e cozidos no ponto certo, quase al dente. A carne de gado também é um dos destaques.

Pedimos um filé à Chateaubriand que veio alto - a receita original indica a parte central do filé pesando de 300 a 400 gramas -, grelhado por fora e vermelho por dentro. Entretanto, os molhos, o da carne e o ao sugo do gnocchi, não estavam à altura dos pratos. Falta um pouco de técnica, leveza e acabamento nos acompanhamentos. A carta de vinhos é pequena, mas com preços honestos. É uma casa que podemos recomendar para aqueles que gostam de fartura, boa matéria-prima e serviço atencioso. Ah, sim! Não deixem de pedir a sopa de capeleti e o couvert com três tipos de pão caseiro, deliciosos.

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